quarta-feira, 9 de julho de 2014

Acabar com a “dupla função” de motoristas não justifica aumento do preço das passagens!




                                              
Candidato ao Senado pelo PSTU. 
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O povo de Cascavel que utiliza o transporte público não pode cair na armadilha - armada pelo Presidente da CETTRANS e as Concessionárias - de que se acabar com a dupla função de motoristas irá aumentar o preço das passagens.

Foi amplamente informado pela imprensa de Cascavel que a arrecadação das empresas de transporte chega próximo a R$ 44 milhões por ano, dinheiro este retirado de todos os trabalhadores e a juventude para enriquecer poucas famílias da cidade. Só no mês de março de 2012 foi arrecadado pelas empresas concessionárias quase R$ 5 milhões, um acréscimo de 22% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Certamente, o custo da contratação dos 93 cobradores necessários "não fará nem cócegas" neste lucro absurdo. Portanto o Presidente da CETTRANS, Paulo Gorsky, base de apoio de Edgar Bueno (PDT), tem que parar de tentar jogar trabalhador contra trabalhador e contratar logo os 93 cobradores, para acabar de vez com a absurda exploração dos motoristas que fazem dupla função e garantir maior segurança tanto para os trabalhadores quanto para a população.

Golpe nos trabalhadores: renovação do contrato por 10 anos sem licitação e no último dia do ano!

Como se não bastasse, o Prefeito Edgar Bueno contou com o apoio da Câmara de Vereadores na última sessão do ano de 2011 (mesma sessão em que aumentaram seus próprios salários em 55%) para “renovar” o contrato com as empresas privadas de transporte coletivo por 10 anos sem licitação. Esse golpe tem que ser desfeito, o transporte municipalizado sob controle de um Conselho Popular organizado pelos trabalhadores e as organizações sindicais, estudantis e populares da cidade.

MUNICIPALIZAÇÃO JÁ!



A municipalização de empresas de transporte público possibilitaria a inexistência do lucro, que por si só já diminuiria o custo de cada passageiro, e mudaria a lógica de “ser lucrativo” para “garantir o serviço à população”.

Isso significa dizer que os 44 milhões de reais que hoje ficam com as concessionárias poderiam ser investidos no melhoramento do salário e as condições de trabalho de motoristas e cobradores, acabando com a dupla função, barateando o valor da passagem, garantindo passe livre e investimentos em transporte alternativo, passe livre para estudantes e qualidade no transporte com mais linhas.

Também precisamos exigir a abertura da contabilidade das empresas pra verificar de fato se os lucros apresentados são verdadeiros e avançar no rompimento dos contratos renovados em condições duvidosas e na “calada da noite”.



É preciso municipalizar o transporte coletivo para que o lucro das empresas possa ser utilizado em beneficio da população de Cascavel.

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quinta-feira, 29 de maio de 2014

O PSTU apresentará uma alternativa socialista nas eleições de 2014 no Paraná



O PSTU apresentará candidatura própria à presidente e também ao governo do estado no Paraná, para reafirmar um programa socialista que represente de fato mudanças a favor dos trabalhadores e milhares de jovens que foram as ruas no ano passado. Nesta declaração política explicaremos os motivos pelos quais não foi possível avançar na aliança com PSOL e PCB. As cartas trocadas entre PSOL e PSTU serão publicadas no final do texto.

A nova situação política do país, iniciada com as gigantescas manifestações em junho do ano passado, mostraram que o caminho para realizar as verdadeiras mudanças no país é o da luta direta da classe trabalhadora e sua juventude. Por isso apoiamos as greves que ocorrem em várias cidades. A COPA do mundo não está empolgando boa parte da população que percebeu o descaso dos governos com o povo.

Neste cenário político é importante unificar todos os que estão dispostos a lutar nas mobilizações e greves que estão acontecendo, nesta COPA vai ter luta e nós iremos apoiá-las ativamente. Estamos em ano eleitoral e também é nossa obrigação enquanto partido de esquerda apresentar uma alternativa socialista, anticapitalista e anti regime que enfrente os projetos do PT de Dilma e Gleisi, do PSDB de Aécio e Richa, do PSB de Campos, a REDE de Marina e demais partidos burgueses que apresentarão candidaturas nessas eleições.

No Paraná, Beto Richa (PSDB) demonstrou nesses quatro anos que não governa para os trabalhadores. Mas é preciso dizer com todas as letras que nem Requião (PMDB) e nem Gleisi (PT) representam mudanças a favor dos trabalhadores. Ambos os projetos pretendem governar para os grandes empresários que irão financiar e apostar em suas campanhas. Requião e Gleisi são senadores e nada fizeram para mudar a política do país após as manifestações do ano passado. Gleisi era a ministra chefe da casa civil no governo Dilma até o início deste ano, ou seja, foi parte do governo que priorizou investir bilhões de reais nesta COPA.


Porque não foi possível a Frente de Esquerda no Paraná? 

Não foi possível reunir com o PCB por que estava em período de definição sobre qual seria sua política perante as eleições 2014. Em abril o PCB definiu que lançará candidaturas próprias para presidente e ao governo do estado.

Nas três reuniões realizadas com a direção estadual do PSOL reafirmamos nossa intenção pela unidade da esquerda através de uma frente nas eleições. Nelas explicamos os critérios e condições políticas que para nós deveriam ser consideradas para avançarmos na unidade:

1. Apresentar nas eleições um programa socialista e anticapitalista, que represente de fato os interesses da classe trabalhadora e da juventude. Tal programa deve representar as demandas levadas às ruas em junho do ano passado, mas precisa expressar mais do que isso, deve representar as reais demandas dos trabalhadores, incluindo a luta contra toda forma de opressão. Ele precisa ser construído democraticamente com todos aqueles e aquelas que lutam contra a exploração e opressão capitalista.

2. Contra qualquer tipo de aliança ou apoio de partidos burgueses. O arco de aliança deve ficar restrito apenas ao PSTU, PSOL e PCB.

3. Não pode receber qualquer tipo de apoio financeiro da burguesia e suas empresas.

4. Respeito ao peso político e a inserção social dos partidos na classe trabalhadora.

Em base a esses critérios explicamos que o PSTU não poderia simplesmente fazer uma adesão às candidaturas do PSOL. O programa, o financiamento de campanha, o arco de alianças e o respeito ao peso dos partidos são condições políticas fundamentais. Na ocasião propusemos que cada partido ocupasse uma candidatura de importância, ou Governo ou Senado. Para nós não estaria correto nenhum dos partidos ocupar as duas candidaturas de maior destaque no dialogo com as massas. 


A partir deste entendimento informamos que estaríamos dispostos a abrir mão da candidatura ao Governo do Estado, ficaríamos com a candidatura ao Senado.


Diante dos critérios e condições apresentadas a direção estadual do PSOL nos informou que a Frente de Esquerda dependeria da definição de sua Conferência Eleitoral Estadual. Foi quando decidimos suspender as reuniões e aguardar o resultado da Conferência Eleitoral.

Esta Conferência foi realizada na metade do mês de abril, quando veio a público a informação de que o PSOL teria Bernardo Piloto como candidato ao Governo e Piva como candidato ao Senado.

Após a Conferência Eleitoral o PSTU não foi procurado oficialmente para dar continuidade ou por fim ao esforço pela construção da Frente de Esquerda no Paraná. Não tivemos o retorno prometido quanto a disposição política de avançar na unidade nas eleições em base aos critérios que vínhamos debatendo e que acabamos de explicar acima. Então escrevemos uma carta¹ com o conteúdo exposto acima à direção estadual do PSOL, solicitando sua posição oficial sobre a frente.

A resposta da direção estadual do PSOL² foi: “Em nossa Conferência Eleitoral foram aprovadas as candidaturas de Bernardo Pilotto ao Governo e Luiz Piva ao Senado. Sobre o diálogo com PCB e PSTU, definiu-se por seguir estabelecendo conversas com ambos partidos, nos marcos já definidos das candidaturas majoritárias para o PSOL. Esclarecemos, que a composição do PSOL enquanto partido de tendências teve peso substancial na indicação das vagas ao Governo e ao Senado.”

Como vemos não foi atendido um dos critérios que apresentamos nas reuniões, de que o peso social e político dos partidos deveriam ser considerados na composição da chapa majoritária da frente, onde abriríamos mão da candidatura ao governo do estado mas não do senado. Fica claro que a proposta do PSOL é que façamos uma simples adesão a sua chapa definida.

O argumento de que “a composição do PSOL enquanto partido de tendências teve peso substancial na indicação das vagas ao Governo e ao Senado” não nos diz respeito e não podemos aceitá-lo como justo. Nosso esforço de unidade é com o partido PSOL e não com uma ou outra corrente, tão pouco podemos nos submeter a uma decisão que busca acomodar a unidade interna entre as correntes deste partido. Trata-se de fazer um esforço político sincero pela unidade entre partidos que se mantém na oposição de esquerda, que aliás seria fundamental para fortalecer a disputa pela esquerda.

Mais adiante encontramos na carta: “O PSOL, como já foi colocado em outros momentos, tem acordo com os 4 pontos trazidos pela vossa carta. Além disso, temos a vaga de vice a disposição em nossa chapa majoritária e, principalmente, consideramos que a questão do espaço dos partidos nos programas e na campanha como um todo não se resume a vaga na chapa majoritária.”

Está escrito na carta da direção do PSOL temos a vaga de vice a disposição em nossa chapa majoritária”, ora, fica claro que este partido entende a unidade como uma simples adesão do PSTU a sua chapa. Não podemos aceitar essa postura hegemonista, nosso partido tem trajetória na luta de classes internacional, somos um partido nacional com significativa inserção na classe trabalhadora e participação nas lutas políticas do país. No Paraná não é diferente, temos presença política nas lutas e inserção na classe trabalhadora.

O PSTU e PSOL possuem projetos estratégicos distintos, somos um partido que tem a revolução socialista como estratégia enquanto o PSOL entende que é possível avançar através das reformas nos marcos do capitalismo, as eleições e a aliança eleitoral são questões táticas para nós. Participamos das eleições para fazer avançar a influência do programa socialista sobre as massas; para apoiar as lutas e mobilizações dos trabalhadores; para denunciar a corrupção, a hipocrisia e os interesses da classe dominante, dos seus partidos e instituições da democracia burguesa; para denunciar a traição dos partidos (como PT) que dizem representar os explorados e oprimidos.

Por fim, reiteramos que fizemos todos os esforços para que pudéssemos conformar a Frente de Esquerda no Paraná, porém, como explicamos acima, a posição hegemonista do PSOL em sua Conferência Eleitoral inviabilizou a frente. Sendo assim, reafirmamos a construção da pré candidatura de Rodrigo Tomazini ao governo do Paraná. Convidamos todos aqueles que estiveram nas manifestações do ano passado e os que estão nas lutas e greves de agora à construir essa candidatura conosco.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

TODO APOIO À GREVE DOS/AS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO DA REDE ESTADUAL

Teve início no dia 23 de abril a greve por tempo indeterminado dos/as profissionais da educação da rede estadual do Paraná. Depois de muita enrolação do governo Beto Richa (PSDB) e de ataques que estão sendo feitos à educação pública, a assembleia da categoria realizada em 29 de março definiu pela greve. A pauta de reivindicações é extensa, mas tem alguns itens prioritários. Dentre esses itens estão: cumprimento imediato da lei do piso para garantir 33% de hora-atividade e correção do salário aos professores/as (10,6%); reajuste de 7,34% aos agentes educacionais 1 e 2 (sem aumento real desde 2008); pagamento de avanços de carreira em atraso; concurso público para professores/as e funcionários/as. Alterações nos contratos PSS para garantir direitos que hoje são negados a esses profissionais. Melhoria no porte das escolas, permitindo a contratação de mais funcionários/as. Infra-estrutura adequada nas escolas. Hora-aula e hora-atividade aos professores que atuam na educação especial. Novas ofertas do cargo de 40 horas aos professores/as. Enquadramento dos aposentados no nível II da carreira. Novo modelo de atendimento à saúde dos servidores, uma vez que o Serviço de Atendimento à Saúde (SAS) está caótico. Contra a política educacional neoliberal que desmonta e precariza a educação de jovens (EJA), fecha muitas salas de apoio nas escolas, etc. Cancelamento do corte do auxílio-transporte aos professores/as e funcionários/as em licença médica. Nesse último item o governo chega ao absurdo de dizer que a categoria pega atestado sem necessidade, quando na realidade há muita gente adoecendo, que precisa se deslocar à perícia médica e o governo penaliza com a redução do salário.
 Há alguns itens que constam da pauta de reivindicações aprovada em assembleia e também deveriam ser prioritários, mas infelizmente não são. Um exemplo disso é o mesmo valor de auxílio-transporte entre professores/as e funcionários/as. Outro exemplo é a reivindicação de redução de número de alunos por turma. Essas demandas seguem secundarizadas na pauta.
A situação dos/as profissionais com contratos PSS é a mais precária nas escolas. Além de ter um contrato quase sem direitos e encerrar todo final de ano, têm atraso de salário e não têm o direito ao SAS. Também não podem acompanhar os filhos no médico; essa situação afeta principalmente as mulheres, que compõe mais de 80% da categoria. Quer dizer, o governo usa o machismo para tirar direitos.


Tem dinheiro... mas não para a educação
O governo Beto Richa vai na imprensa condenar a greve. Dentre outras coisas afirma que não tem dinheiro para atender às reivindicações. Isso não é verdade. A arrecadação do Estado cresceu muito em 2013 e no início de 2014. O governo aprovou auxílio moradia de 4.500 reais aos juízes e aumento de 30% no salário dos cargos comissionados. O governo “torra” dinheiro público em propagandas, nas obras da Arena da baixada em Curitiba e gasta cerca de 100 milhões em “segurança” para reprimir protestos durante a COPA. Enquanto isso, na educação básica o governo fecha turmas (como ocorreu em Londrina), atrasa a merenda e o repasse do fundo rotativo, corta ilegalmente o auxílio-transporte de educadores doentes, além do vergonhoso atraso de salário de muitos/as profissionais PSS ou do pagamento incorreto. Nas universidades o governo reduz drasticamente o orçamento.
Infelizmente esse cenário não é muito diferente em nível nacional. O governo federal(PT) já gastou mais de R$ 28 BILHÕES com obras da COPA, enquanto investiu apenas 25 milhões/ano em média no combate à violência contra a mulher (26 centavos por mulher). Violência que tira a vida de 15 mulheres por dia! Dilma faz privatizações e gasta mais de 42% do orçamento com a dívida pública para os banqueiros, enquanto investe apenas 3,91% na saúde e 3,44% na educação. O Plano Nacional de Educação (PNE) do governo não trará melhorias na educação, pois significará mais transferência de dinheiro público à educação privada, além de reforçar a lógica meritocrática de bonificação e ameaçar até a eleição de diretores/as.
Os governos municipais também não valorizam a educação. Grande parte deles sequer cumpre a lei do piso. Os serviços públicos básicos como saúde, educação e transporte estão precários. A culpa é dos governos municipal, estadual e federal, que ignoram a real necessidade da população e dos servidores.
Unificar as lutas:
Várias outras categorias estão em luta nesse momento, como os professores universitários, os técnicos das universidades federais que estão em greve, os bombeiros e policiais do Maranhão tiveram uma greve vitoriosa há poucos dias, dentre outros. Diante desse quadro é preciso unificar ao máximo as lutas de várias categorias. É preciso também questionar a Lei de responsabilidade fiscal, que sempre é usada como pretexto para não dar aumento salarial aos servidores em todos os níveis. Os garis do RJ deram um exemplo de luta numa greve que enfrentou os ataques do governo, da rede globo e não teve apoio do sindicato. Apesar disso, a greve foi vitoriosa, conquistando 37% de aumento. Agora os/as professores/as e funcionários/as da rede estadual do Paraná também estão dando um exemplo de luta, mostrando na prática que devemos sempre reivindicar nossos direitos e uma educação pública de qualidade.
Para nós do PSTU só a luta muda de fato a vida!
- Atendimento a todas as reivindicações dos/as profissionais da educação da rede estadual!
- Cumprimento imediato da lei do piso! Em direção a um piso com salário mínimo do DIEESE para professores/as e funcionários/as.
- Não ao PNE do governo federal! Por 10% do PIB para a educação pública já!
- 10% do PIB para a saúde pública! 2% do PIB em transporte público!
- Chega de dinheiro para os bancos e para a COPA! Mais dinheiro para os serviços públicos e para o combate à violência contra a mulher!


quarta-feira, 26 de março de 2014

TODO APOIO À GREVE DOS SERVIDORES MUNICIPAIS DE TOLEDO!


Foto de Jornal Do Oeste
Os servidores municipais de Toledo iniciaram greve na segunda-feira (24/03) e aprovaram em assembleia a sua manutenção por tempo indeterminado. A categoria reivindica, entre outros itens, o aumento real de 12% nos salários, aumento do valor e incorporação do vale-alimentação no salário, reforma administrativa para reduzir os cargos comissionados, revisão dos decretos e reenquadramento de funcionários.
Em vez de atender a pauta dos servidores, o prefeito Beto Lunitti (PMDB) fala de inúmeros avanços e usa a lei de responsabilidade fiscal para negar o reajuste acima da inflação. Também afirma que vai descontar os dias parados e faz ameaças: “terá um desdobre jurídico para aqueles que não estão trabalhando” (Jornal do Oeste – 25/03/2014). O Secretário de Administração e ex-dirigente sindical Amauri Linke(PT), também afirmou que serão descontados os dias parados, disse que vai discutir a legalidade do movimento e quanto ao sindicato afirmou: “posso dizer que estão sendo bastante intransigentes” (Jornal O Presente – 25/03/14). Em nossa opinião isso é um ataque ao direito de greve garantido na Constituição Federal. É uma tentativa de criminalizar a luta dos servidores.
Situações como esta se repetem em nosso país sempre que os/as trabalhadores/as se colocam nas ruas para reivindicarem seus direitos. Um outro exemplo disso foi a greve dos garis no Rio de Janeiro, que enfrentou os ataques do governo, da rede globo e não teve apoio do sindicato. Apesar disso, a greve foi vitoriosa, conquistando 37% de aumento. Os garis do RJ deram um exemplo de luta para os demais trabalhadores, assim como os servidores municipais de Toledo estão dando um exemplo de luta.
De quem é a responsabilidade pelos problemas nos serviços públicos?
A população convive com a precariedade de serviços públicos básicos como saúde, educação, transporte. Paralelo a isso, trabalhadores desses setores enfrentam condições de trabalho e salários precários, falta de pessoal e de estrutura necessários para o funcionamento adequado. A culpa é dos governos municipal, estadual e federal, que ignoram a real necessidade da população e dos servidores.
No Paraná, Beto Richa (PSDB) dá o calote nos servidores estaduais, não cumpre a lei do piso, corta o orçamento das universidades e ainda gasta milhões em propaganda e em obras da COPA. O governo federal(PT) já gastou mais de R$ 28 BILHÕES com obras da COPA, enquanto investiu apenas 25 milhões/ano em média no combate à violência contra a mulher (26 centavos por mulher). Violência que tira a vida de 15 mulheres por dia! Dilma faz privatizações e gasta mais de 42% do orçamento com a dívida pública para os banqueiros, enquanto investe apenas 3,91% na saúde e 3,44% na educação.
Diante desse quadro é preciso unificar ao máximo as lutas de várias categorias. É preciso também questionar a Lei de responsabilidade fiscal, que sempre é usada como pretexto para não dar aumento salarial aos servidores em todos os níveis.
- Atendimento já a todas as reivindicações dos servidores municipais de Toledo!
- Pelo não desconto dos dias de greve e por nenhuma perseguição!
- Não ao assédio moral contra os grevistas! Pelo cumprimento do direito de greve!
- Por 10% do PIB para a educação pública já!
- 10% do PIB para a saúde pública! 2% do PIB em transporte público!
- Chega de dinheiro para os bancos e para a COPA! 

segunda-feira, 3 de março de 2014

POLÊMICA: Empoderamento para quem? Uma polêmica com a Marcha Mundial das Mulheres.

 
Ana Soranso – PSTU Londrina
Érika Andreassi – PSTU Maringá
Karen Capelesso – PSTU Curitiba
Márcia Farherr – PSTU Cascavel
Mariane Siqueira – PSTU Curitiba


Na década de 1970, a Tese do Empoderamento ganhou força nos ambientes acadêmicos e no movimento de mulheres no mundo todo. Segundo essa teoria, a saída para as mulheres combaterem o machismo é assumir cada vez mais postos de poder e cargos de direção, como um meio de “empoderar” as mulheres. É baseada nessa idéia que muitas vêem como progressivo o fato de que qualquer mulher assuma postos de poder independente de sua classe social.

O determinante não seria mais a relação de produção capitalista e a luta de classes. Quanto mais mulheres ocupando postos de direção dentro do sistema capitalista (presidentes, senadoras, juízas, senadoras, etc.) mais “poder” teriam todas as mulheres e, conseqüentemente, sofrendo menos com o machismo e tendo melhores condições de vida.

De última a Tese do Empoderamento secundariza a luta de classes e coloca como fundamental a luta entre os gêneros, homem e mulher, para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O “Poder Feminino”, nessa concepção, seria instrumento para mudar a realidade, uma vez que as mulheres (somente elas, independente de sua classe) seriam o motor da transformação. Para as defensoras desta tese, uma das medidas que poderia evitar uma crise econômica é se houvesse mais mulheres governando o mundo.

A Marcha Mundial das Mulheres – MMM, dirigida por companheiras do PT e PCdoB, fundamenta sua política e ação nesta Tese, que na prática é a defesa da aliança entre todas as mulheres, sejam burguesas ou trabalhadoras. Por isso, hoje a MMM se localiza na base do Governo Dilma (PT), primeira mulher a ser presidente do Brasil, ao lado de setores reformistas e burgueses que também apoiam o governo.

O veredicto da história

Infelizmente esta tese não passa pela prova da história. Vejamos a alguns exemplos:

  • A Juíza Márcia Loureiro, mulher “empoderada” no judiciário, foi quem determinou a invasão do Pinheirinho criando as condições para que um idoso fosse assassinado e duas mulheres estupradas na bárbara e violenta desocupação de cinco mil famílias.
  • As “superempoderadas” Ângela Merkel (Chanceler Alemã) e Christine Lagarde (Presidente do FMI) são as principais agentes dos bancos e multinacionais da Europa que implementam os chamados Planos de Austeridade que desemprega milhares de homens e mulheres trabalhadoras, reduzindo salários, direitos e reprimindo as manifestações populares.
  • A “empoderada” Gleisi Hoffmann, é até então, a principal responsável no Governo Dilma pelos planos de privatização da infra-estrutura do país, é defensora da EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares que significa a privatização dos Hospitais Universitários) e também a fiel escudeira dos latifundiários, grileiros de terras e multinacionais ligadas ao agronegócio contra as mulheres e homens indígenas.
  • No governo de Dilma Houssef, enquanto é investido para cada assento da Copa do Mundo R$ 11.172,00 de verbas públicas, para políticas públicas para o enfrentamento a violência contra a mulher é apenas R$ 0,26, em um momento em que no Brasil uma mulher morre a cada 1:30 horas vítima da violência machista. Dados como esses demonstram de que lado está o “empoderamento” de Dilma: ao lado dos empresários dos megaeventos.

Independência de Classe ou Policlassismo?

Nós, mulheres do PSTU, achamos muito importante que as mulheres rompam com sua situação de submissão e opressão e participem de fato dos espaços de decisão como a política, assumindo postos de direção. Porém, para mudar a vida das mulheres trabalhadoras não basta ter uma mulher no poder, se não tiver compromisso com a classe trabalhadora, pois essa a luta fundamental – a luta entre as classes e não entre os gêneros.

O fato de ser mulher em si, como por exemplo a eleição de Dilma, tem um significado positivo, pois demonstrou que uma mulher pode assumir a presidência da república, cargo político mais importante do Brasil, em um país extremamente machista e violento. No entanto, quando uma mulher assume um posto de governo e governa com ou para a burguesia dominante, não reforça o poder das mulheres (gênero), mas da burguesia (classe).

O gênero é apenas um dos aspectos a ser analisado, pois o fato de ser mulher pode alimentar ainda mais ilusões nas mulheres trabalhadoras que sua situação mudará. Uma máscara feminina pode inclusive ajudar a implementação de um política que ataca as mulheres e homens da classe trabalhadora. O mais importante elemento a ser analisado não é o gênero em si, mas o compromisso do governo em relação a políticas públicas para quem de fato precisa: a classe trabalhadora.

Tem dinheiro para a copa, mas não tem pra...

Já foram gastos mais de R$ 20 bilhões dos cofres públicos na construção dos estádios, nas reformas dos aeroportos e nas obras de infra-estrutura. É investimento público para financiar um evento privado, que vai fazer lucrar empresas multinacionais e monopólios de comunicação.

Enquanto isso, os investimentos para conter a violência machista em nosso país são extremamente limitados. Vejamos alguns dados:
“Entre 2007 e 2011 apenas R$132 milhões foram investidos. Este número, que já era limitado, sofreu de 2009 a 2011 uma queda de praticamente 50% e um corte de R$23,4 milhões em 2012. Apesar de ter uma mulher “empoderada” na Presidência da República apenas 7,13% dos municípios tem delegacias especializadas, muitas não atendem no fim de semana e abrem somente durante o dia mesmo sabendo que os índices revelam que 36% dos crimes ocorrem a noite e nos fins de semana (19% nos domingos); menos de 1% das cidades tem Casas Abrigo”.(Jornal Opinião Socialista, n. 469, p.8)

Na educação nem se fala. Dilma fez um compromisso eleitoral de construir 6.427 creches até 2014. Isso é completamente insuficiente perante a necessidade real. Para que todas as crianças de 0 a 3 anos fossem atendidas por creches seria necessário a construção de cerca de 70 mil novas unidades com capacidade para 120 alunos cada a um custo de R$ 740 mil, totalizando R$51,8 bi.

No entanto, nem a promessa eleitoral vai ser cumprida. Dos R$2 bilhões que foram previstos para repassar aos municípios e concretizar a promessa apenas R$383 milhões foram repassados. No início de 2011, 39 creches foram entregues simbolicamente, e nenhuma estava pronta para começar a matricular crianças. Assim, o governo Dilma precisaria construir cinco creches por dia até este ano (2014), para cumprir sua promessa.

Essa situação é resultado do corte no orçamento realizado em 2011, em que R$50 bilhões deixaram de ir para a Educação e outras áreas sociais. Em 2012, Dilma e sua equipe econômica anunciaram um novo corte, agora de R$55 bilhões, afetando novamente os recursos que poderiam ir para a Educação Infantil.

Aliança com fundamentalismo religioso e violência

Dilma para ser eleita, por exemplo, fez um amplo acordo com a burguesia e os fundamentalistas religiosos, comprometendo-se a não tomar medidas que levassem à legalização do aborto em nosso país. O Estatuto do Nascituro (“Bolsa Estupro” como ficou conhecido pelos Movimentos Feministas) é uma capitulação total a esta bancada e significa um retrocesso imenso nos direitos das mulheres. Marcos Feliciano (PSC), notório machista, racista e homofóbico é (e continua sendo) base de apoio de seu governo.

Não é a toa que a violência contra as mulheres em seu governo aumentou mesmo com a criação da Lei Maria da Penha. O Brasil é o 7º país do mundo em índices de feminicídio. Amargamos dados como a cada 11 segundos uma mulher é estuprada e a cada 2 minutos uma mulher é espancada. Se levarmos em consideração o recorte racial, em uma combinação perversa do machismo e do racismo, esses dados ficam ainda piores.

Não basta ser mulher... tem que ser socialista!

De que vale estar no governo se ele não serve para avançar nos interesses das trabalhadoras? Que tipo de poder é esse que as mulheres precisam abrir mão de seus direitos para poder exercê-lo?

Nem todas as mulheres são iguais. Há aquelas que exploram e as que vivem da exploração. Dilma, Gleisi, Márcia, Lagarde, Merkel não sofrem as mesmas dores das trabalhadoras pobres, que necessitam pegar o transporte lotado, dar duro no trabalho e ainda torcer para que o salário alcance o fim do mês. Elas têm outra vida. Elas não exercem o poder das mulheres em abstrato, mas o poder do Capital, que continua explorando e oprimindo as mulheres e homens trabalhadores.

O poder não é uma disputa de gênero, mas de classe. A auto-organização das mulheres é muito importante, mas para que atue a favor da liberdade das mulheres precisa ter um perfil de classe, ou seja, se configurar na auto-organização das mulheres trabalhadoras junto com o conjunto da classe trabalhadora para derrotar mulheres e os homens da burguesia.

Movimento Mulheres Em Luta - MML: defesa do classismo e socialismo revolucionário.

É justamente por isso que as mulheres do PSTU não constroem a Marcha Mundial das Mulheres, embora atuemos em unidade muitas vezes. Nós, mulheres do PSTU construímos o Movimento de Mulheres em Luta, o MML, que já nasce ligado a CSP-Conlutas, uma organização sindical e popular da classe trabalhadora para a libertação total tanto de homens e mulheres toda opressão seja ela de origem de gênero, raça, identidade/orientação sexual e da exploração capitalista.

Neste sentido, chamamos as companheiras que se organizam na base do MMM a refletirem sobre a política defendida pela direção da Marcha Mundial (PT e PCdoB) base de apoio do Governo Federal, mas, principalmente, sobre a base teórica que se fundamenta este movimento feminista: policlassista ou de colaboração de classes. Precisamos fortalecer um pólo classista, socialista e revolucionário. Infelizmente o MMM aponta na direção contrária.

Próximo artigo: 

è   Reforma Política para quem? Uma polêmica com a Marcha Mundial das Mulheres.




domingo, 16 de fevereiro de 2014

OS GOVERNOS , A IMPRENSA E OS ÓRGÃOS DE REPRESSÃO SE APOIAM NA AÇÃO QUE LEVOU CINEGRAFISTA À MORTE PARA TENTAR CRIMINALIZAR PSOL, PSTU E TODOS OS QUE LUTAM


Reafirmar a Frente de Esquerda no Paraná para fortalecer o programa socialista e defender as organizações de esquerda

Direção Estadual do PSTU - Paraná

No mês passado realizamos uma reunião com a direção estadual do PSOL, na qual apresentamos nossa posição a favor da construção de uma Frente de Esquerda entre PSOL, PSTU e PCB.
Voltaremos a nos reunir com a direção estadual do PSOL e também procuraremos o PCB para conversar sobre esta proposta. Nesta nota queremos reafirmar a necessidade desta unidade frente à campanha midiática que tenta criminalizar os partidos e organizações de esquerda.

Na mencionada reunião, expusemos os critérios políticos e pontos de vista que achamos necessários para dar norte a uma discussão fraterna e comprometida entre os nossos partidos. Esses critérios são: construir um programa socialista que parta das demandas levadas às ruas nos protestos de junho no ano passado; completa independência de classe e financeira da burguesia; respeito ao peso político e social dos partidos na composição da chapa majoritária e proporcional.

Dissemos na reunião e reafirmamos publicamente que estamos dispostos a abrir mão da candidatura ao governo do estado, desde que tenhamos a candidatura ao senado. Reiteramos que temos um partido estadual, estruturado nas principais cidades do Paraná, envolvido nas lutas sociais e políticas, com inserção em alguns setores da classe trabalhadora e que tem cumprido papel importante nas lutas políticas. Durante as jornadas de junho e greves de julho e agosto, nosso partido atuou com firmeza programática e determinação política, buscado contribuir com o fortalecimento das reivindicais da classe trabalhadora e denunciando os governos de plantão.

Temos esta posição por que achamos que o nosso peso precisa ser respeitado na composição de uma Frente de Esquerda entre nossos partidos, não opinamos ser correto e não estamos dispostos a simplesmente aderir a uma candidatura do PSOL.

As massas e os lutadores precisam de uma alternativa

A situação política mudou após as jornadas de junho, o início deste ano demonstra que, por um lado existe maior disposição de luta dos trabalhadores e, por outro, maior disposição de repressão e criminalização dos movimentos sociais por parte dos governos que administram o Estado Burguês.

A maioria da população apoiou os jovens que foram as ruas com a vontade de mudar o país. Os governos “regurgitaram” demagogia, muito prometeram e quase nada cumpriram. Agora dão a demonstração [através da repressão] do que está por vir daqui até a Copa do Mundo, nada mais que a repressão do Estado.

Na nova situação política as massas estarão mais abertas e interessadas a ouvir os que os projetos de direita e de esquerda têm a dizer, avaliamos que existirá uma disposição maior do que antes em ouvir o que os socialistas temos a dizer. Isso não significa de antemão que o espaço de esquerda será uma avenida aberta, por enquanto esta é uma hipótese provável, mas tudo irá depender de como as massas se comportarão nas próximas lutas, de como os governos de plantão reagirão e da opinião publica que irá se formar na consciência das massas, aqui entra com peso o papel da mídia burguesa, que já iniciou uma campanha para ganhar as massas contra as manifestações em ano de Copa.

Ao mesmo tempo, os lutadores que saíram as ruas em junho e todos aqueles e aquelas que seguem lutando para mudar o país, buscarão uma alternativa frente aos projetos burgueses de partidos como PT, PMDB,PSB, PSDB, PV, DEM, PP, entre outros. Nenhum desses partidos tem um programa capaz de atender e governar para os trabalhadores, todos eles governam para o grande capital.

Nem Beto Richa do PSDB, nem Gleisi Hoffmann do PT, nem Requião do PMDB representam os interesses dos trabalhadores no Paraná. Todos são projetos aliados aos interesses da classe capitalista. Esses projetos já demonstraram por inúmeras vezes que não governam para nossa classe.

Por isso, a importância de apresentarmos uma alternativa unitária nas eleições, socialista e classista, capaz de unificar as reivindicações e dar maior projeção as lutas da classe trabalhadora e da juventude.

Unidade da esquerda para combater a repressão e criminalização dos movimentos sociais
Desde o ano passado estamos travando publicamente a polêmica com os Black Blocs, não temos nenhum acordo com os seus métodos e programa reformista. Somos a favor de qualquer ação de massas, por isso nossos métodos passam por tentar convencer as massas de qual é o programa e a política dos revolucionários.

Não temos acordo com as ações vanguardistas, equivocadas e ultra esquerdistas dos Black Blocs, que buscam substituir o protagonismo e a experiência concreta das massas na luta contra o governo e o Estado. Esta tática e o tipo de organização também favorece a infiltração de agentes provocadores da polícia. Portanto, temos uma diferença quanto à política, o programa e os métodos, mas que fique claro, somos contra a repressão e criminalização dos Black Blocs e movimentos sociais. Ao mesmo tempo somos solidários a família do jornalista que morreu, mas reiteramos que não confiamos nos órgãos do Estado, na imprensa e justiça burguesas.

A imprensa, o governo Cabral e os órgãos de repressão tentam responsabilizar o Black Bloc e os partidos de esquerda, afirmam que os manifestantes presos seriam supostamente Black Blocs e supostamente "aliciados" pelas organizações "que levam bandeiras", como "PSOL, PSTU e FIP". Essas práticas são da repressão e da direita. Não confiamos e não compramos a versão amplamente divulgada na imprensa burguesa, está claro que existe uma manipulação e clara intenção de se apoiar neste lamentável episódio para criminalizar aqueles que estão saindo as ruas para protestar.Querem preparar as massas para a dura repressão que já está orquestrada caso as manifestações se intensifiquem daqui até a Copa.

Alertamos para o fato de que as leis e medidas adotas pelo governo federal e as forças armadas, como é o caso da lei "antiterrorismo", dão sinais de que a infiltração ou manipulação de movimentos dirigida pelos órgão de repressão já estão ocorrendo e podem se intensificar.

Os provocadores estão infiltrados nas manifestações e movimentos. Responsabilizamos os governos e o Estado Burguês pela repressão e violência nas manifestações. Jamais saberemos se o artefato que causou a morte do cinegrafista foi lançado por um agente infiltrado, ou por um ativista recrutado pelo aparato de repressão ou por um infeliz que acha que disparar fogos de artifício contra a polícia é um método eficiente para ganhar a confiança das massas e derrotar o aparato policial.

A repressão tem mutas técnicas nefastas, de inteligência, investigação, infiltração, provocação, tortura e desaparecimento de corpos [o que dizer do caso do pedreiro Amarildo] para inocentar os agentes da repressão. Mais uma vez, não compramos a versão da imprensa burguesa.
A questão é que após a morte deste cinegrafista os governos e órgãos de repressão do Estado lançaram uma verdadeira campanha contras PSOL e PSTU. Dois partidos que apoiam e estão nas lutas desde o início. Nosso partido foi à única organização que travou publicamente a polêmica contra as ações dos Black Blocs, travamos esta polêmica inclusive contra algumas correntes do PSOL, que em nossa opinião, ou defenderam as ações ou capitularam frente a elas. Não faz nenhum sentido as acusações feitas contra nosso partido.

A ofensiva bonapartista que os governos aplicam através do Estado contra os partidos de esquerda,  contra todos os lutadores cobra a unidade dos socialistas, e neste ano ela deve se dar nas lutas e nas eleições.

Como já dissemos em outro artigo que publicamos: “(...) nossa violência de classe terá endereço e hora, quando as massas tiverem dispostas a enfrentar o Estado burguês, os agentes reformistas e os governos. Se as massas precisarem e quiserem pegar em armas para enfrentar o Estado Burguês estaremos na linha de frente deste combate. Lutemos contra o capitalismo, seus governos, seus agentes e seu Estado opressor. Nossas armas serão o convencimento político, a ação de massas, a análise da realidade, a unidade na ação política, a fraternidade, a franqueza, a honestidade, a solidariedade de classe e a moral da classe trabalhadora em luta. (...)”

sábado, 1 de fevereiro de 2014

O primeiro beijo gay da Globo

Por Wilson Onório, Sec. LGBT do PSTU

Viver na Frei Caneca tem suas deliciosas bizarrices. Pela primeira vez, ouvi gritos entusiasmados de "torcida" ecoando dos apartamentos ao meu redor não relacionados a um jogo. 

Evidentemente, foi a reação a uma das cenas "mais esperadas" da história da comunicação de massas no Brasil: o dia em que a Rede Globo se rendeu à realidade e decidiu colocar em cena um (singelo e pudico, vale lembrar) beijo gay em seu horário nobre.

Que a Globo tenha se movido pela mesma lógica de sempre: o olho no mercado e a luta para se manter como principal e mais lucrativa emissora do país, é inegável. Como também, não dá pra esquecer que esta é (e sempre será) uma emissora que, como todas, "é habitada pelo poder do Capital", sintonizada com tudo contra o que lutamos cotidianamente (inclusive na propagação da homofobia, do racismo e do machismo), desde seu surgimento, nos anos 1960, sob o patrocínio da ditadura. E mais: o beijo com décadas de atraso em relação ao mundo em que vivemos.

Contudo, não podemos menosprezar a realidade do lado de cá da tela. Aliás, é a que mais interessa nesta história toda. O beijo, é, sim, uma vitória de todos e todas que lutam contra a opressão. São estes os verdadeiros protagonistas desta cena. Foram os LGBT's de verdade que fizeram com que a emissora do nada saudoso Roberto Marinho tenha se rendido, "reconhecendo" o espaço que os LGBT estão conquistando, com muita luta, nas ruas.

O beijo de Félix (cuja quase beatificação no processo da novela é um capítulo à parte) e Niko não foi um "presente" da Globo para a comunidade LGBT, nem pode ser visto como um "atestado" anti-homofóbico. Pelo contrário. É um beijo que reflete anos de luta. E merece, sim, ser saudado aos gritos aqui na vizinhança e, com certeza, em todos os cantos do país não como uma demonstração de apreço à Globo. Não. Se é verdade que os atores (que nunca esconderam sua simpatia em viver a cena e a fizeram muito bem) podem ser parabenizados, nossas homenagens, hoje, devem se voltar aos milhões de anônimos que seja na luta direta, seja simplesmente resistindo ao preconceito e à discriminação transformaram o "beijo gay" em uma "realidade" que nem mesmo a Globo poderia continuar omitindo.

Já disse pra muita gente que, como sou "antigo", ainda me emociono quando vejo um casal LGBT andando de mãos dadas ou demonstrando carinho nas ruas (da mesma forma quando negros e negras expressarem alegremente sua negritude, do cabelos à atitude, ou uma mulher tomando os rumos de sua vida). Muitos de nós, lutamos praticamente a vida inteira pra ver algo assim. Tão normal, tão simples, tão humano. Mas, tão difícil pra quem não se enquadra nos "padrões".

Por isso, ao ver Mateus Solano e Thiago Fragoso em cena, há pouco, o que me veio à mente foram os tantos e tantos que, na vida real, construíram o caminho até uma cena que, na verdade, deveria já deveria ter ido ao ar há muito tempo e ser tratada simplesmente como uma "coisa do mundo".

Lembrei-me daqueles e daquelas que, com coragem, enfrentaram e enfrentam o mundo para poder existir e amar. Lembrei-me dos que foram mortos, como Edson Neres, simplesmente por terem feito isto. Lembrei-me dos que foram expulsos de casa por terem sido "pegos" no ato ou sofreram punições inomináveis, de Oscar Wilde aos que vestiam o "triângulo rosa" nos campos nazistas. Lembrei-me dos que nunca puderam sequer se atrever a beijar alguém, sucumbindo à opressão, vivendo sufocados em seus armários. E, principalmente, lembre-me daqueles que dedicaram suas vidas para que as coisas mudassem. De Magnus Hirschfeld a Milk, do "Gay Liberation Front" ao SOMOS e de tantos e tantas outras que vieram antes e depois deles.

Esse foi um beijo que não nasceu dos "planos" da Globo. Não. Ele brotou dos espaços que conquistamos com ousados e irreverentes beijaços; ele estalou primeiro nas ruas tomadas por Paradas e protestos. E por isso mesmo ele tem "importância histórica". Ele simboliza, em um campo pra lá de complicado como é o da comunicação de massas, uma vitória daqueles que nunca tiveram medo ou vergonha; daqueles que nunca se deixaram abater pelo preconceito e a discriminação (as mesmas que Globo, durante décadas, contribuiu pra enculcar na cabeça das pessoas -- e, não se iludam, continuará fazendo).

E, claro, foi um beijo com um "gostinho" todo especial. Teve sabor de "Fora Feliciano" e todos os homofóbicos de plantão. E, por isso mesmo, pra encerrar, já que estamos no campo da "ficção", espero que o beijo tenha um efeito parecido com aqueles dos "contos de fadas": que ajude a "despertar" os adormecidos e silenciados pela homofobia. Que fortaleça aqueles que, em suas casas, se sentem sozinhos, "anormais", infelizes e, muitas vezes, desesperados.

A página do "primeiro beijo gay da Globo" está virada, mas sabemos que temos muito mais pelo que lutar. Até o dia em que, inclusive, não seja necessário festejar um simples beijo como final de campeonato. Mas, simplesmente, como expressão da vida. Um beijo.